Taxionomia é o ramo da biologia que se ocupa da identificação, nomenclatura e classificação dos seres vivos e extintos. A partir de uma série variada de organismos, o taxionomista cria uma hierarquia de agrupamentos, ou taxa (singular: taxon), entre os quais se estabelece uma relação de ordem. A unidade taxionômica básica é a espécie.
Considerado fundador da moderna taxionomia, Carl von Linné, ou simplesmente Lineu, criou regras para nomear plantas e animais e foi o primeiro a empregar a nomenclatura binômina de maneira coerente, em 1758. Embora tenha desenvolvido o sistema de classificação hierárquica em classe, ordem, gênero e espécie, sua maior contribuição para a descrição dos seres vivos consistiu num sistema de classificação de plantas e animais.
Depois de Lineu, a taxionomia incorporou descobertas de Jean-Baptiste Lamarck, taxionomista que, apesar de suas concepções errôneas sobre evolução, separou pela primeira vez, como classes distintas, Aracnídeos e Crustáceos. Lamarck também foi o primeiro a diferenciar vertebrados de invertebrados. Em 1866, o biólogo alemão Ernst Haeckel propôs a criação do reino protista para agrupar os organismos unicelulares, pois, segundo ele, nesse nível, não é possível distinguir entre plantas e animais.
As classificações taxionômicas apresentavam então um caráter arbitrário e baseavam-se num conjunto de características afins. À medida que os taxionomistas começaram a aceitar a teoria da evolução proposta por Charles Darwin, reconheceu-se que aquilo que havia sido descrito como afinidade natural -- a existência de caracteres semelhantes -- podia ser explicado como uma relação estabelecida por descendência evolutiva. Fez-se então a passagem do sistema natural de classificação na época vigente para o sistema filogenético atual.
Critérios. A taxionomia se fundamenta em dois princípios gerais: (1) o princípio da descendência, que admite haver relações genéticas, ou de parentesco, entre seres atualmente existentes; estes, por sua vez descendem, por uma longa série de gerações, de ancestrais que já não se encontram entre as espécies atuais; e (2) o princípio da evolução, que se fundamenta em evidências acumuladas ao longo da vida terrestre e demonstra que as características das espécies sofreram profundas alterações.
Processo de classificação. O processo taxionômico moderno depende: (1) da obtenção de um espécime em condições de ser analisado; (2) da comparação desse espécime com toda a gama conhecida de organismos vivos; (3) da identificação correta do espécime, caso ele já tenha sido descrito, ou da preparação de uma descrição mostrando semelhanças e diferenças com relação a outras formas de vida conhecidas; (4) do posicionamento correto do espécime dentro das classificações já existentes ou da revisão destas em função do novo achado; e (5) da utilização das evidências disponíveis para direcionar e encaminhar a avaliação do espécime.
O objetivo de classificar é enquadrar um organismo numa categoria já existente ou criar uma nova categoria somente para ele, baseada nas semelhanças e diferenças que apresenta em relação com outros organismos. Para esse fim, reconhece-se a hierarquia das categorias taxionômicas, cujo número varia amplamente segundo os cientistas. Sete delas são consideradas obrigatórias para zoólogos e botânicos: reino, filo (divisão, em botânica), classe, ordem, família, gênero, espécie. O número de categorias é expandido, se necessário, pelo uso de prefixos sub-, super- e infra- (subclasse, subordem, por exemplo) e pelo acréscimo de categorias intermediárias, como tribo por exemplo.
Nomenclatura. Os biólogos reconhecem, como nomenclatura taxionômica internacionalmente aceita o sistema de Lineu, que foi amplamente modificado ao longo do tempo. Há outros códigos internacionais isolados para botânica (publicado em 1901), zoologia (1906), e Microbiologia (bactérias e Vírus, 1948). O sistema binômino de Lineu não é empregado na classificação dos Vírus. Em 1953, criou-se um código especial para a nomenclatura de plantas cultivadas, muitas das quais são produzidas artificialmente e desconhecidas na natureza.
Diferentes em vários aspectos, esses códigos apresentam em comum alguns elementos: a nomeação das espécies é feita por duas palavras latinizadas, grafadas em itálico (a primeira indica o gênero e começa por maiúscula); uma lei de prioridade estabelece que, se um gênero ou espécie foi descrito mais de uma vez, reconhece-se como válido o primeiro nome e autor, que deve ter publicado o nome científico num livro ou periódico acessível e com uma descrição reconhecível do organismo; o mesmo nome genérico e específico pode ser usado para um animal e uma planta; se há consenso de que o status de uma unidade taxionômica se modificou, o nome válido pode mudar também; e que a designação de uma nova espécie seja associada a um espécime-tipo.
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